terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

DIÁRIO DA VIAGEM

Primeiro Dia de Viagem (3 de fevereiro de 2007 – sábado). Trecho: de BRASÍLIA A GUARAÍ (TO) – 1.052 km percorridos em 13h09min de viagem. Tempo parado: 2h35min.
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Saímos de Brasília às 5h15min do Posto Colorado, nas proximidades de Sobradinho. A primeira hora de viagem foi realizada na escuridão. Lembro que estávamos em época de horário de verão e o sol só costumava aparecer depois das 6 da matina. Percorremos a BR020 até pouco depois de Planaltina, quando entramos à esquerda em direção à Chapada dos Veadeiros. Paramos para um cafezinho rápido no boteco do meu irmão Emílio, em São Gabriel de Goiás, cerca de 80 km de Brasília. Dali seguimos para Alto Paraíso (GO), nossa primeira parada para abastecimento. A partir desta localidade começo a me sentir realmente de férias. A beleza das montanhas da Chapada vai nos trazendo um clima de poesia, uma vontadezinha de cantarolar dentro do capacete, de "compositar melódias", e uma atmosfera de relaxamento que vai nos envolvendo por completo.
Paramos novamente em Campos Belos e Natividade para reabastecimento de combustível. Minha XT 660 (a Xistelvina) apresentou consumo cerca de 25% superior ao da moto do Paulo. Nesses trechos, seu desempenho manteve-se entre 16,3 e 16,8 km por litro, enquanto que a dele ficou entre 20/23 km/l. Não deu para entender essa diferença, visto que usávamos motos idênticas, andávamos na mesma velocidade e abastecíamos nas mesmas bombas de combustível. Pensei que esse contratempo seria resolvido assim que achássemos uma concessionária da Yamaha. Triste engano! Passamos por duas delas e, infelizmente, não encontramos nenhum mecânico apto a lidar com esta moto.
Passamos pelos arredores de Palmas, capital do Tocantins, por volta das 15 h, com quase 10 h de viagem. Tínhamos a intenção de parar por lá, dar um rolé, conhecer os restaurantes etc e tal. Palmas possui um corredor viário dos mais modernos e conservados, que passa ao largo da cidade. Andávamos tranqüilamente por ele, certos de que nos levaria para dentro do município, mas, quando percebemos, já estávamos a mais de 30 km além da entrada da cidade. Deu preguiça de voltar e seguimos adiante, até Lajeado. Ali o asfalto desaparece! Tivemos que atravessar uma reserva indígena onde não havia pavimentação alguma por 8 km. Apesar da chuva, foi possível pilotar com muita tranquilidade. Lembro que até ali o asfalto estava impecável. As estradas do Tocantins estão surpreendentemente bem conservadas. O cenário da viagem era exuberante, caracterizado pela presença de elevados chapadões e de montanhas. A chuva nos acompanhou com insistência, mas muitas vezes bem vinda por causa do calor.
Atravessamos o rio Tocantins de balsa, entre os municípios de Tocantínia e Miracema, onde pegamos a rodovia Belém-Brasília. Foram gastos 40 minutos nesta travessia. Aproveitamos para esticar as pernas, enquanto apreciávamos as belezas do rio.
Chegamos a Guaraí (TO) por volta das 19 h, com cerca 13 h de viagem, e nos hospedamos num pequeno hotel de R$ 50,00 por 2 quartos independentes. Fomos a uma churrascaria da cidade e nos esbaldamos em um rodízio regado a cerveja. Dormimos cedo, como sempre, depois de tomar um banho frio. Vale lembrar que chuveiro elétrico nesta região é um luxo.
(Basta clicar na foto para ampliá-la)


(fotos c/ meu irmão Emílio, em S. Gabriel, e em Alto Paraíso/GO)
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Segundo Dia de Viagem (4 de fevereiro de 2007 – domingo). Trecho: de GUARAÍ (TO) A SANTA INÊS (MA) – 839 km percorridos em 7h52min de viagem. Tempo parado: 2h28min.

.Neste trecho, choveu bastante! Em Tocantins, a estrada continuava boa e o aguaceiro não nos incomodou, excetuando em algumas curvas. A polícia rodoviária nos parou em Araguaína. Checaram a documentação e nos liberaram. Estávamos molhados até os ossos. Tenho por hábito usar apenas a parte de baixo da roupa de chuva (calça e polainas) e não há como evitar a entrada de água acima da cintura, através das costuras do casaco de couro e das luvas.
Adentramos o Maranhão pela cidade de Estreito, sob chuva forte, após cruzar belíssima ponte sobre o rio Tocantins. Por ali o asfalto estava sendo recuperado e as ranhuras feitas na pista pelas máquinas faziam a motocicleta balançar muito. Trafegamos diversos quilômetros pelo acostamento, onde o piso estava intacto e as motos podiam ser conduzidas com firmeza. Nossa intenção inicial era ir para São Luis pela BR226, por Porto Franco. Não vimos a placa de entrada da rodovia (que fica rente a um posto de gasolina) e passamos direto. Chegamos à cidade de Ribamar Fiquenes, 27 km depois, quando descobrimos que estávamos viajando por outro caminho. Demos sorte com nosso erro porque pela BR226 teríamos de atravessar outra reserva indígena e, segundo a atendente do posto de gasolina, os índios realizavam movimento reivindicatório na estrada que corta seu território e o trânsito estava meio problemático por lá. Seguimos adiante, pela Belém-Brasília, rumo a Imperatriz (MA). Dali fomos para Açailândia (MA), onde pegamos outra rodovia, a BR222. Esse trecho é de curvas e mais curvas sem qualquer sinalização. Além das curvas, muitos buracos. De qualquer forma, perigos à parte, foi divertido! Depois de trafegar 1.600 km por retas e estradas boas, aquelas curvinhas e aqueles buracos eram até bem vindos para variar um pouco. No mais, o cenário era dos mais belos: babaçus, mata tropical, babaçus, montanhas, babaçus, vales, babaçus e aves em revoada que se misturavam ao aroma gostoso de babaçu molhado. Não é à toa que o Maranhão é conhecido como "a terra onde o babaçu abunda!"
A quantidade de animais na estrada era preocupante: porcos, cães, jegues, cabras e bois compartilhavam a pista conosco. Achamos conveniente dormir em Santa Inês, cerca de 250 km de São Luis. Poderíamos ter chegado à capital maranhense naquele mesmo dia porque ainda era 15h40 e havia muita claridade pela frente. Como nossas reservas no hotel Praiamar, em S. Luis, só iniciavam no dia seguinte, resolvemos ficar por ali mesmo, naquela cidadezinha de 80 mil habitantes. Esta cidade marcou minha lembrança pela grande quantidade de automóveis com som exageradamente alto trafegando pelas ruas, prenunciando as festividades de carnaval.


(fotos na rodovia nas rodovias de Tocantins e em frente ao lago de Palmas/TO)
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Terceiro Dia de Viagem (5 de fevereiro de 2007 – segunda-feira). Trecho: de SANTA INÊS (MA) A SÃO LUIS (MA) – 242 km de viagem em 3 h..Desde que entramos em território nordestino, ficamos impressionados com a quantidade de motocicletas de baixa cilindrada (sem placas) existente nos municípios e vilarejos por onde passamos. O Nordeste, de fato, é um dos maiores consumidores nacionais desses veículos, que formam verdadeiros formigueiros coloridos pelas vielas e ruas das cidades menores. Nossas motos despertavam curiosidade nos motociclistas interioranos. Ninguém ainda tinha visto uma XT660 por aquelas bandas.
Os 100 km que antecedem São Luis são repletos de pequenos povoados que ladeiam a rodovia. Animais diversos aparecem de uma hora para outra. Dois leitõezinhos corriam em diagonal à pista e quase passei por cima. Ainda bem que o barulho da buzina os fez mudar de direção. Não daria tempo de desviar mesmo! Depois desse susto, tivemos o máximo cuidado ao atravessar esses povoados.
Chegamos à capital do Maranhão às 10 horas da manhã. Seguimos as placas para a praia de Ponta d’Areia enquanto deu. Quando estacionamos para pedir informações sobre a localização do nosso hotel, parou um motociclista numa moto Honda CB450 e se ofereceu para nos guiar. Tratava-se de Dedê, maranhense estradeiro que já tinha viajado para tudo quanto é canto em sua moto ano 1985. Antes de qualquer coisa, ele nos conduziu ao quiosque do Francismar, na praia de Calhau, para que conhecêssemos o que havia de melhor na área: frutos do mar e cerveja. Sentamos por lá e atacamos uma geladinha com tira-gosto de camarão. Tínhamos de pegar a Rosane no aeroporto somente às 14:30 h e o tempo era suficiente para ficar por ali apreciando a paisagem, o camarão e a cerveja. Dedê foi muito atencioso conosco. Combinamos de voltar para o Francismar assim que Rosane chegasse à cidade. Assim fizemos. Lá travamos amizade com o Sr. Cleto, um velhinho septuagenário que conhecia diversas pessoas de Brasília que também eram conhecidas nossas. Era uma coincidência e tanto encontrar alguém por acaso numa praia do Maranhão que tinha vários amigos em comum conosco. Ficamos no quiosque até depois da meia-noite, quando fomos dormir. O hotel Praiamar é excelente e possui uma piscina a 100 metros da praia. Muito bom mergulhar na água salgada e, logo em seguida, na água doce. Bom demais!!!!!







Em Santa Inês/MA
Quarto Dia de Viagem (6 de fevereiro de 2007 – terça-feira). Curtindo São Luis (MA).
.Nosso segundo dia em São Luis/MA foi exclusivamente gasto em trajetos turísticos. Passeios na praia, cervejinha gelada, visita ao centro histórico da cidade, frutos do mar, fotografias, mergulhos etc. As praias de S. Luis são vastas e de coloração acinzentada. Anda-se boa distância pela areia antes de chegar ao mar. A água é opaca por conta dos mangues que cercam a ilha. Cerca de 40% dos mangues do Brasil estão localizados no Maranhão e isso faz com que a água do mar tenha aparência turva.
À noite, eu, Rosane e Paulo fomos a outro restaurante na orla, onde os motociclistas da cidade tradicionalmente se encontram. Acho que se chamava Adventure, mas não tenho certeza. Comemos e bebemos como reis. Teve jogo do Brasil naquela tarde (quando perdemos para Portugal de 1x0) e acho que Dedê arrumou outra atividade. Não o vimos mais! Fomos dormir cedo porque logo pela manhã do dia seguinte iríamos para Barreirinhas, portal de entrada dos Lençóis Maranhenses.








(fotos em São Luis do Maranhão)

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